Pular para o conteúdo principal

Coluna DIÁRIO DE DELEGACIA - 14/05/2019.


Passageiros, vítimas de assalto em ônibus, desistem de registrar Boletim de Ocorrência (BO).

Por Antonio Moraes*

Na noite de ontem, 13/5, segunda-feira, por volta das 22h, 03 homens armados assaltaram um ônibus, levando sua renda. Roubaram ainda o motorista, o cobrador e os passageiros, subtraindo seus pertences pessoais, entre aparelhos celulares, relógios, correntes e dinheiro. Segundo relatos, cerca de 20 pessoas estavam no ônibus, além do motorista e do cobrador.

O assalto ocorreu nas proximidades da 4ª delegacia metropolitana, localizada no conjunto Augusto Franco, bairro Farolândia, em Aracaju.

Após o assalto, as vítimas, todos trabalhadores e trabalhadoras, dirigiram-se para a 4ª delegacia metropolitana, delegacia mais próxima do local da ocorrência, para registrarem o fato. Lá chegando, embora houvesse policiais civis trabalhando, internet e computadores funcionando, as vítimas foram encaminhadas para a Delegacia de Turismo, situada na orla de Atalaia.

Impossibilitados de se deslocarem, seja pela falta de dinheiro para pagar as passagens, seja pela dificuldade em encontrar ônibus naquele horário, a maioria desistiu de registrar a ocorrência. Somente 02 vítimas foram até a Detur.

É direito público subjetivo do cidadão comunicar à polícia a ocorrência de delito (código de processo penal, art. 5º, parágrafo 3º). Esse direito se materializa com a confecção do Boletim de Ocorrência (BO) em uma unidade policial. E isso independe de o fato efetivamente ser ou não um fato criminoso. Essa avaliação quem deve fazer é a Polícia, em momento posterior, para deflagração ou não de investigação criminal.

A quem interessa dificultar o registro do Boletim de Ocorrência (BO) pelo cidadão?

A população em geral e, especialmente falando, a mais pobre, não pode ter embaraçado seu direito de comunicar imediatamente o fato que suspeite ser ilícito.

Nada justifica não haver registro de ocorrência em todas as delegacias do Estado em que já existam policiais civis trabalhando em regime de plantão. Estender o registro de BO's para estas unidades policiais não traria nenhum custo adicional aos cofres públicos e contribuiria significativamente para transmitir à população efetiva sensação de segurança.

* servidor policial civil ocupante do cargo de escrivão de polícia civil de 1ª classe, lotado na DETUR e ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe.

Texto publicado no site Hora News, em 14 de maio de 2019.
Link: https://horanews.net/diario-de-delegacia/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DELEGADO, VOSSA EXCELÊNCIA OU VOSSA SENHORIA?

No dia de ontem, 4/3, fomos surpreendidos por uma notícia publicada no Blog do A Fonte, pelo jornalista Josimário Nunes, informando um fato, ocorrido em 26/02/2018, mais para abuso/excesso do que para excêntrico, praticado por um servidor policial civil ocupante do cargo de delegado da Polícia Civil da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Segundo a publicação, "Uma advogada teve seu pedido de acesso a um inquérito negado porque o delegado de polícia exigiu ser tratado por "Excelência", em substituição ao pronome de tratamento 'Ilustríssimo' utilizado na petição". O abuso, com aparente intenção denegatória, consubstanciou-se na expedição de um despacho inusitado com o seguinte teor: “Antes de apreciar o pedido, intime-se os causídicos para adequarem a petição aos termos do artigo 3º da Lei nº 12.830/2013, uma vez que a petição não preenche os requisitos formais de endereçamento à

ESCREVENDO CERTO, POR LINHAS TORTAS. Comentário à nova determinação do delegado-geral da Polícia Civil de Sergipe.

Em 26 de dezembro do presente ano, a assessoria do delegado-geral da Polícia Civil de Sergipe, por determinação deste, enviou mensagem, via e-mail funcional, para todos os servidores policiais civis da corporação. ESCREVENDO CERTO … Na mensagem enviada, o delegado-geral, Thiago Leandro Barbosa de Oliveira, escreveu certo ao fixar, embora tardiamente, que: a) os agentes e escrivães, durante os plantões, devem realizar as atividades do serviço policial em sua integralidade, SEM distinção entre cartório, triagem e captura, todos deverão estar aptos para desenvolverem ambas as atividades; b) todos os servidores policiais civis (delegados, agentes e escrivães) devem cumprir todas as determinações e protocolos instituídos pela Superintendência da Polícia Civil; c) todos os servidores policiais civis (delegados, agentes e escrivães) devem estar aptos a utilizar o Procedimento Policial Eletrônico (PPE); d) todos os servidores policiais civis (delegados, agentes e escrivães) devem cumprir os pr

Ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis foi ameaçado durante assembleia sindical.

Em mais de 26 anos de residência em Sergipe, sendo, 21 destes dedicados à Polícia Civil, e, destes 07 dedicados à atividade sindical, ANTONIO MORAES, ex-presidente do SINPOL Sergipe, NUNCA se envolveu em brigas, trocas de ofensas pessoais, bem como, nunca ameaçou ou foi ameaçado por ninguém. As brigas sempre foram decorrentes da luta sindical, nunca decorrentes de rusgas pessoais. NINGUÉM conhece qualquer história a respeito de MORAES de envolvimento em confusões, fuzarcas, bate-bocas etc. Mesmo nos momentos mais tensos do debate sindical, nunca foi ameaçado fisicamente, nunca foi pessoalmente ofendido. Pois bem, na última segunda-feira, 24/07, durante a assembleia geral do SINPOL, realizada em um dos auditórios do Centro de Eventos João Augusto Gama, localizado no bairro Atalaia, nesta capital, MORAES foi ameaçado fisicamente e ofendido moralmente por dois (maus) colegas policiais civis, quais sejam, JOILTON e MARCELO. Os debates durante a assembleia sindical foram acalorados, todavia