"Quem sai aos seus (políticos) não degenera".
Todo governo, em fase inicial, merece o benefício da esperança. Esperançar é o que faz a sociedade ao receber um novo governante.
O governo Fábio Mitidieri recebeu e ouviu todas as categorias organizadas em associações e/ou sindicatos. Deu gosto de ver. A todos parecia que esse seria um governo diferente. Um governo que concretamente ouviria seus servidores e governados. Ledo engano. Tudo não passou de um "mise en scene", uma encenação.
Em 27/03, com o anúncio oficial do envio dos projetos de lei que deveria ser resultado das negociações com as entidades de classe dos servidores públicos do poder executivo estadual foi possível perceber que tudo não passou de um ENGODO. Restou evidente o descompromisso com os servidores públicos que efetivamente fazem o Estado funcionar e o total alinhamento com a criação e manutenção de benesses para os servidores da burocracia estatal estreitamente ligados ao poder político tradicional e oligárquico.
No tocante aos servidores policiais do Estado, integrantes da Polícia Civil, Polícia e Bombeiro Militar, o conhecimento do teor do projeto de lei para enviado para Assembleia Legislativa de Sergipe para recriação do adicional de periculosidade deixou evidente que o governo Fábio Mitidieri, tal qual seus antecessores Jackson Barreto e Belivaldo Chagas, não tem compromisso com os servidores policiais das bases da Polícia Militar, Bombeiro Militar e Polícia Civil.
O governo, totalmente cônscio dos graves entraves constitucionais para recriação desse adicional, aceitou recriá-lo com valores diferentes promovendo, ainda mais, o alargamento dos abismos salarial entre agentes/escrivães e delegados, na Polícia Civil; e, praças e oficiais, na Polícia Militar e no Bombeiro Militar.
O governador, advogado de formação, embora jovem, já um político experiente, tinha e tem ciência de que o adicional recriado tem como objetivo real remunerar o perigo da atividade policial. Ou seja, pagar os policiais pelo perigo que eles enfrentam no seu dia-a-dia de trabalho. Mitidieri tem consciência de que agentes, escrivães, agentes policiais, detetives, delegados, praças e oficiais correm o mesmo perigo em razão da atividade policial desempenhada. Todavia, preferiu privilegiar delegados e oficiais. E qual a razão para isso? Manter a cultura governamental de seus antecessores de privilegiar os privilegiados, de manter a sociedade de castas em que foram transformados os órgãos de segurança pública de Sergipe.
A terceira concessão desse adicional faz parte da estratégia de delegados e oficiais para pela terceira vez incorporá-lo, traduzindo em futuro aumento diferenciado, alargando ainda mais o abismo salarial. Pouco ou nada estão preocupados com os efeitos nocivos dessa estratégia na execução diária do serviço policial.
Fábio Mitidieri: novo governo, velhas práticas. Para nosso azar, não degenerou.
ANTONIO MORAES, servidor policial civil, ocupante do cargo de escrivão de polícia civil, ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe.
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